sexta-feira, 26 de julho de 2013

Sorte ou Revés


REVÉS

A melhor campanha na primeira fase devia garantir ao Atlético Mineiro um adversário teoricamente mais fraco nas oitavas de final. Apenas teoricamente, pois o time foi presenteado com um duelo contra o São Paulo, que se não vinha de boa campanha na fase inicial, poderia reverter tudo no mata-mata.
E era a impressão que se tinha quando o Tricolor já vencia por um tento a zero, dominava completamente o jogo e abusava do direito de perder gols na partida de ida no Morumbi. Até...

SORTE

...a tola e juvenil expulsão do experiente zagueiro Lucio. Em menos de dez minutos, o camisa 3 tricolor recebeu dois cartões, foi pro chuveiro mais cedo e ofereceu o jogo e o confronto para o Galo. Com um a mais, foi questão de tempo para virar o placar no Cícero Pompeu de Toledo e levar boa vantagem para a volta no Independência, onde o time não tomou conhecimento do rival e com facilidade, aplicou sonoros 4 a 1 para garantir a classificação às quartas de final.

REVÉS

Contra os mexicanos do Tijuana, tudo ia dando errado. Desvantagem de dois a zero no marcador, time desencontrado em campo, parecia não ter forças para buscar o resultado.

SORTE

Diego Tardelli diminuiu e a derrota por um gol de diferença tendo marcado gol fora de casa já pintava como um ótimo resultado no México. Até que, aos 47 do segundo tempo, Luan recebeu de Tardelli, ganhou a dividida com o zagueiro e tocou pro gol pra igualar o placar e garantir boa vantagem para a volta.

REVÉS

No caldeirão do Horto, nem mesmo o mais pessimista dos atleticanos poderia esperar um adversário tão duro quanto foi o Tijuana. O time mexicano saiu na frente com gol de Reascos aos 25 de jogo e Rever empatou aos 41, ainda na etapa inicial. O empate com um gol pra cada lado bastava ao Galo para se classificar, e o resultado foi se arrastando até os acréscimos da etapa final, quando o árbitro assinalou pênalti de Leonardo Silva sobre Aguilar. Naquela altura, tudo parecia perdido. Parecia.

SORTE

A dois minutos do fim, caso fosse convertida a penalidade, era o fim de Libertadores para o Galo. Reascos, o autor do gol foi para a cobrança. O goleiro Victor foi para o canto direito, a bola que fatalmente entraria no meio do gol parou no seu pé esquerdo e estava garantido o acesso às semifinais. Nascia um herói.

REVÉS

O confronto contra o Newells Old Boys se desenhava como o mais duro para o Atlético na sua caminhada rumo ao título continental. Poderia não ter sido tão difícil, se Bernard aproveitasse belo passe de Ronaldinho no fim da primeira etapa na Argentina. Mas, se fosse mole, não seria Galo.
O camisa 11 desperdiçou a chance de abrir o placar, e na etapa final, com gols de Maxi Rodríguez e Scocco os “Leprosos” construíram a excelente vantagem que levariam para Minas Gerais.

SORTE

Se Bernard falhou na Argentina, no Independência o baixinho não desperdiçou a oportunidade e logo com dois minutos de bola rolando colocou o Atlético na frente do placar que, no entanto, ainda dava a vaga aos argentinos.

Veio a etapa final, o tempo passava e nada do gol sair. Veio o apagão, o jogo ficou onze minutos parado, e outro Atlético voltou do escuro. Alecsandro e Guilherme entraram no time, e na base do abafa, Guilherme achou disparo certeiro no canto do goleiro Guzmán para devolver o placar da Argentina e levar a disputa para os penais.

Na disputa das penalidades, duas cobranças assinaladas e duas desperdiçadas de cada lado, Ronaldinho converteu a última cobrança e colocou o Galo em vantagem, para o goleiro Victor se agigantar na cobrança de Maxi Rodríguez, ser novamente o herói e colocar o Atlético numa inédita final continental.

REVÉS

Primeiro duelo da grande decisão no Defensores Del Chaco abarrotado de torcedores decanos, o Atlético começou melhor, se aproveitando da lentidão da defesa paraguaia e empilhando chances desperdiçadas, especialmente por Diego Tardelli.

Aí, entrou em cena a “Lei Muricy Ramalho” no futebol e a bola puniu. Alejandro Silva fez grande jogada individual e bateu da entrada da área, no cantinho esquerdo de Victor para abrir o marcador.

O time sentiu o gol e se perdeu em campo, passando a produzir muito pouco e vendo a derrota por apenas um gol como um bom resultado. Até mais uma vez ter uma dose de azar, e Pittoni acertar cobrança de falta certeira nos minutos finais da peleja e ampliar a vantagem a favor dos paraguaios.

SORTE

O jogo do Mineirão começou tenso, corrido. Um Atlético nervoso em campo, errando em demasia e pecando pela pressa. Assim, o primeiro tempo passou e o alvinegro mineiro não conseguiu assustar os paraguaios.

Antes do primeiro minuto da etapa final, Rosinei cruzou na área, a zaga falhou e Jô tocou para as redes. Animo renovado e pressão total. Partindo pra cima desesperadamente, o time ficou exposto a contragolpes, e em um desses, por pouco tudo não veio por água abaixo. Ferreyra recebeu bola quebrada da zaga, passou por Victor, e na hora de tocar para o gol vazio, escorregou, desperdiçando a chance paraguaia de levantar o caneco.

Pouco depois do susto, novamente a “Lei Muricy” em ação. Primeiro, Manzur cometeu falta dura em Alecsandro e recebeu o segundo cartão. Galo com um a mais, a cinco minutos do fim. No abafa, Bernard cruzou na área e achou Leonardo Silva. O zagueirão testou no canto, marcou o segundo gol, e garantiu a prorrogação.

Com um homem a mais, o Atlético poderia ter pressionado durante os trinta minutos restantes para matar o jogo e garantir a taça ainda com bola rolando. Mas, como já fora dito, não tem facilidade para o Galo. O placar seguiu o mesmo e a decisão se encaminhou novamente para as penalidades.

Victor, o herói, apareceu novamente. Na primeira cobrança paraguaia, o goleiro atleticano se adiantou e se agigantou, defendendo a batida de Miranda e dando a Alecsandro a chance de garantir a vantagem. O centroavante converteu e assegurou o 1-0.

Nas cobranças seguintes, Ferreyra, Candía e Aranda converteram para os decanos, enquanto Guilherme, Jô e Leonardo Silva assinalaram para o Galo, colocando 4-3 no placar das cobranças, e pressão total sobre Gimenez, que se desperdiçasse daria a taça ao Atlético.

Desperdiçou. A cobrança foi pra fora e o Mineirão explodiu em festa. O Atlético era campeão da Taça Libertadores pela primeira vez em sua história.

História marcada por grandes times e poucas conquistas. Marcada por certa dose de azar nos momentos decisivos. Não dessa vez. Em 2013, não teve revés. A sorte, enfim, sorriu para o Galo na hora da decisão.

Sorriu para Cuca, o técnico que também carregava a pesada alcunha de “azarado”. Dessa vez, a sorte caminhou com clube e treinador. Sorte de quem tem Victor, o herói defensor de penalidades. Sorte de quem tem Ronaldinho, maestro do time em toda campanha. Sorte de quem tem Bernard e sua alegria nas pernas, infernizando adversários. Sorte de quem tem Jô, artilheiro da competição com sete gols. Sorte de campeão. Sorte que acompanha aquele que foi competente. Sorte atleticana.

Parabéns, Clube Atlético Mineiro. Por competência e sorte, o dono da América.



segunda-feira, 22 de julho de 2013

Experiência e Brilhantismo


Que o futebol brasileiro é berço de craques e que nossa safra de novos talentos se renova a cada dia, todo mundo já sabe. Mas, passadas oito rodadas do Campeonato Brasileiro, o que vemos até aqui é um desfile de qualidade por parte dos... veteranos. Jogadores rodados, tarimbados, que com sua qualidade vão conduzindo suas equipes a resultados expressivos nesse inicio de certame.

No líder Botafogo, o holandês Seedorf é o dono do time. Líder, tanto dentro quanto fora de campo, o craque de 37 anos é um dos principais – senão o principal, responsáveis pelo bom momento do Glorioso. Com três gols e uma assistência, o camisa 10 participou ativamente de 25% dos 12 gols alvinegros até aqui.

Do alto de seus 35 anos, Alex é quem dita o ritmo do co-líder e invicto Coritiba. Com seus quatro gols e três assistências, o genial meia já garantiu oito dos dezesseis pontos que fazem a equipe dividir a ponta com o Fogão e é até aqui, o grande nome do campeonato.

Contra o Santos, dois belos gols que asseguraram um importante ponto fora de casa, assim como na peleja diante do Flamengo, que esse que vos escreve teve o prazer de acompanhar “in loco” no Estádio Mané Garrincha, a apresentação soberba do 10 coxa, que com um golaço e uma assistência conduziu o time ao empate em dois a dois após sair perdendo por dois gols.

Quem também brilhou com gol e assistência foi Juninho Pernambucano. Em sua reestréia pelo Vasco, no clássico diante do Fluminense que marcou a reabertura do Maracanã, a atuação de gala do Reizinho foi determinante para que o time da Colina batesse o rival e se distanciasse da zona de rebaixamento. E a tendência é que Juninho seja ainda mais crucial para afastar o Vasco da degola ao longo da competição, tendo em vista o frágil plantel cruzmaltino.

Além deles, outros “coroas” tem se destacado no Brasileirão. No Grêmio, o quase quarentão Zé Roberto (39 anos) é quem carimba quase todas as tramas ofensivas do Tricolor. No rival Inter, Forlan com 34 anos é o principal artilheiro da equipe, com 5 gols (além de uma assistência), enquanto D’Alessandro, com 32, é o grande nome do time com dois tentos marcados e outras três assistências.

Ronaldinho no Atlético/MG, Danilo e Emerson no Corinthians, Deco no Fluminense, o recém chegado Alex, de volta ao Internacional, são outros nomes experientes que podem ser decisivos em favor de seus clubes.
Muito se debate sobre a razão do êxito desses “vovôs” da bola por aqui.

Lendo o blog do jornalista Julio Gomes (AQUI), onde o sucesso de veteranos em terras tupiniquins também foi tema, me deparei com o seguinte trecho:

A genialidade de cada um ainda teria valor na Europa, mas perderia espaço em um jogo tão físico, altamente técnico, intenso e veloz. No Brasil, a maioria dos jogos têm elementos táticos e de intensidade ainda incipientes. Neste futebol, disputado de área a área, com tantos metros e segundos disponíveis, Seedorf, Alex, Zé Roberto e Juninho conseguem estender suas brilhantes carreiras e ainda fazer diferença.

É um argumento válido e uma visão interessante sobre o assunto. No entanto, tenho que discordar. Fosse assim, não veríamos nomes como Pirlo, Xavi, Giggs, Xabi Alonso, Lampard, Gerrard, entre tantos outros, ainda se destacando por lá. Pode ser que não tivessem por lá o mesmo desempenho que vem tendo aqui, mas é inegável que talento de sobra para isso, qualquer um dos nomes citados tem, pois se tratam de jogadores brilhantes, e que apenas por isso, seguem brilhando.