sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Cronologia tática da “Era Mano”

No inicio da tarde de sexta-feira, 23 de novembro, em reunião na sede da Federação Paulista de Futebol, foi decidida, de maneira surpreendente, a demissão do treinador da Seleção Brasileira, Mano Menezes.

Mano já superou momentos ruins na seleção, por isso sua saída agora soa surpresa. Sua primeira crise veio logo após a queda nas quartas de finais da Copa América, em 2011, e o técnico resistiu.

O time seguiu instável, jogando um futebol bem burocrático, longe do jogo encantador que muitos esperavam, e sem vencer um adversário de peso. Vieram os Jogos Olímpicos, o time seguiu jogando pouco e acabou derrotado na final perante a seleção mexicana. Ali, me parecia o momento ideal para a troca do comando técnico e tinha toda pinta de que ia mesmo acontecer. Não aconteceu.

O treinador seguiu, mudou o estilo de sua seleção, mudou a maneira de jogar e o time chegou a apresentar um futebol vistoso, ainda que contra adversários sem tanto porte. E ironicamente, no momento em que Mano parecia encontrar um rumo para o selecionado canarinho, vem o anuncio da sua queda.

Para relembrar um pouco de como foi a passagem de Mano Menezes no comando da Seleção Brasileira, listamos abaixo alguns jogos importantes no período em que o treinador dirigiu o scratch.

Brasil 2-0 EUA

Jogo de estréia do treinador, em 10 de agosto de 2010. Após uma Copa do Mundo mixuruca, uma belíssima apresentação contra uma seleção razoável, dava a impressão de que Mano sabia bem o que estava fazendo e que tinha totais condições de ressuscitar o “futebol arte” brasileiro, característica sempre marcante na nossa seleção. Neymar e Pato marcaram, Ganso desfilou um futebol de primeiríssima qualidade, Robinho, Ramires e Dani Alves formavam uma base tarimbada da derrota no Mundial. Enfim, a primeira impressão, foi a melhor possível.

20121123164307A estréia: Time solto e ofensivo. Num 4-2-3-1 com o trio Neymar, Ganso e Robinho na criação, mais Alexandre Pato na referencia.

Brasil 0 (0)-(2) 0 Paraguai

Jogo que marcou a eliminação da Seleção na Copa América. Ironicamente, a melhor apresentação do time de Mano Menezes na competição, porém, faltou poder de fogo para decidir a parada durante os 120 minutos de bola rolando. Nas penalidades, um show de horrores com direito a quatro cobranças desperdiçadas e uma derrota pífia por dois a zero para os paraguaios.

20121123195617Contra o Paraguai, o mesmo sistema tático e o mesmo trio de armadores, mais alguns nomes vindos da Copa do Mundo, como Julio Cesar, Maicon e Lucio. Boa apresentação, que pecou no poder de fogo.

Brasil 1-2 México

Decisão dos Jogos Olímpicos. O México, nunca foi o adversário mais temido, e na ocasião, sem poder contar com seu melhor jogador, Giovanni dos Santos, dava toda pinta de que a tão sonhada medalha de ouro viria. Ledo engano. O erro de Rafael que gerou o primeiro gol mexicano logo no inicio do cotejo, jogou por terra todo o plano de jogo da seleção. Nervoso, o time pouco criou e tomou o tiro de misericórdia na segunda etapa. Depois até diminuiu, mas não conseguiu chegar ao empate e ficou somente com a prata.

20121123201100Nas Olimpiadas, Mano saiu do 4-2-3-1 costumeiro e reinventou a equipe num 4-4-1-1 em linha, com Oscar vindo da direita pra dentro e Neymar encostando em Damião.

Brasil 4-0 Japão

Apresentação de gala. Mano alterou seu time, sacou o homem de referencia do ataque e passou a jogar sem centroavante, apostando na mobilidade e talento do quarteto Neymar, Kaká, Oscar e Hulk. Funcionou! O time apresentou um belo futebol e envolveu a seleção japonesa, que se não é lá uma grande potencia, também está longe de ser uma baba. Parecia que, enfim, Mano encontrava um time ideal e mirava um norte para a seleção.

20121123201634Para esse que vos escreve, o time da melhor apresentação da “era Mano”. 4-2-3-1, sem um centroavante de oficio, mas com muita mobilidade na frente e sempre alguém na área, mais volantes que sabem sair pro jogo.

Brasil 1 (4)-(3) 2 Argentina

O jogo de despedida de Mano foi uma derrota diante da Argentina com a bola rolando, mas com a vitória nas penalidades e o título do tal Superclássico das Américas. Contando apenas com jogadores que atuam no país, o treinador não tinha tantas opções, mas podia ter feito melhor, apostado mais, arriscado mais e não ter jogado com o regulamento embaixo do braço para ganhar um título de valor quase nulo.

20121123202026A despedida, num 4-3-1-2 com Paulinho e Arouca saindo pro jogo enquanto Ralf dava suporte para a linha defensiva.

Três nomes despontam como favoritos para assumirem o comando da Seleção. Tite, no melhor momento da carreira e melhor momento dentre os três cotados. Felipão, sem clube após a saída do cambaleante Palmeiras, e Muricy, que por pouco não assumiu antes de Mano e que é o grande favorito. Não me agrada, mas é vencedor, tem um curriculo invejavel e pega um trabalho em construção e principalmente, em evolução. Qualquer um que vier a assumir, terá boa herança para trabalhar.

sábado, 17 de novembro de 2012

Arsenal 5-2 Tottenham – O Erro que decidiu

O gol de Adebayor logo aos 10 minutos de jogo, quando o Tottenham era muito superior no jogo e comandava as ações, poderia ter sido decisivo no derby londrino. Mas o lance do togolês que acabou resolvendo a parada veio alguns minutos depois, quando num lance de completa loucura, o camisa 10 deu uma entrada criminosa em Cazorla e recebeu o justo cartão vermelho direto.

Ars-Tot 01No inicio do jogo, Arsenal no 4-2-3-1 costumeiro e Tottenham num 4-4-2. Após a expulsão de Adebayor, Wilshere se adiantou e Gunners se postaram num 4-1-4-1 que dominou completamente os Spurs.

A partir daí, o Arsenal cresceu e dominou completamente a partida. Wilshere avançou seu posicionamento, deixando apenas Arteta na volância e formando uma linha de quatro armadores, com Cazorla ao seu lado por dentro, mais Podolski pela esquerda e Walcott no flanco direito, de onde fez boa jogada pra cima do fraco Naughton e cruzou para Mertesacker subir sozinho e testar com força para empatar a peleja.

O lado direito continuou se mostrando como o mapa da mina para a vitória gunner. Por ali, surgiram duas grandes oportunidades para Giroud virar, porém, nas duas o francês parou em seu compatriota, o goleiro Lloris. Quem não parou no arqueiro foi Podolski, que após troca de passes (iniciada no lado direito), recebeu de Wilshere e bateu mascado. A bola desviou em Gallas e foi morrer fraquinha no canto esquerdo do goleirão do Tottenham.

Já nos acréscimos da primeira etapa, Cazorla fez linda jogada, dessa vez pela esquerda, e cruzou rasteiro para Giroud se antecipar à zaga e tocar no contrapé de Lloris, dessa vez sem chances para o goleiro. Destaque total para a raça do espanhol no lance, que antes de cruzar, sofreu falta, caiu e se levantou para seguir no lance. Um exemplo para muitos jogadores que adoram se atirar.

No intervalo, já se imaginava que André Villas Boas teria que mexer para reforçar seu lado esquerdo, ou acabaria sofrendo uma goleada toda criada naquele setor. E o português sacou não apenas o lateral esquerdo Naughton, como também o direito Walker, para as entradas de Dawson e Dempsey, repaginando sua equipe num 3-4-1-1, com Dempsey atuando entre a linha de quatro homens de meio e o centroavante Defoe.

A estratégia até deu certo e no começo da segunda etapa o time visitante conseguiu igualar forças com o Arsenal mesmo com um homem a menos. Porém, não demorou muito para o Arsenal se reencontrar, voltar a se impor e praticamente liquidar a fatura com o quarto gol, anotado por Cazorla após cruzamento rasteiro de Podolski.

Bale chegou a marcar um belo gol, batendo de fora da área de pé direito e diminuir o vexame. E poderia ter diminuído ainda mais, quando pouco depois do gol, o mesmo galês fez boa jogada pela esquerda, foi até o fundo e bateu cruzado para fora. No entanto, o camisa 11 poderia ter optado em rolar para o meio, onde Defoe aparecia sozinho e tinha clara chance de marcar.

Antes do apito final do árbitro, ainda deu tempo de Walcott, um dos melhores em campo ao lado de Cazorla, deixar o seu após bom lance de Oxlade-Chamberlain, que roubou a bola de Carroll no meio campo, avançou até a entrada da área e tocou para o camisa 14 só tirar de Dawson e bater na saída de Lloris para dar números finais ao marcador e repetir a goleada do Arsenal sobre o rival por cinco a dois, que já havia acontecido em fevereiro.

Muito graças à tola expulsão de Adebayor. Enquanto eram 11 contra 11, o Tottenham tinha quatro finalizações contra nenhuma do Arsenal. Ao fim da partida, eram 14 dos donos da casa, contra apenas 6 dos Spurs. Somente dois arremates a meta adversária quando em desvantagem numérica. Número que ilustra bem o quanto o erro de Adebayor foi decisivo no clássico em que seu time poderia ter tido melhor sorte.

Ars-Tot 02No fim, Arsenal ainda com quatro armadores, mas com Walcott fazendo as vezes de centroavante após a troca de Giroud por Chamberlain. Tottenham com três zagueiros, até melhorou, mas com um a menos não foi capaz de segurar o rival.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Fluminense Tetra Campeão: Os Personagens da Conquista



Você pode até ter, em algum momento, questionado o futebol apresentado pelo Fluminense, campeão brasileiro no último domingo ao bater o Palmeiras em Presidente Prudente por três tentos a dois. O que não dá pra contestar é a campanha tricolor na conquista. Soberba. Soberana.

Vinte e duas vitórias, dez empates e apenas três derrotas. Nenhum campeão na era dos pontos corridos perdeu tão pouco. 76 pontos obtidos em 105 até aqui disputados, o time detém um incrível aproveitamento de 72,3%, que nesse quesito só perde para o Cruzeiro de 2003 com seus 72,4%. Com três jogos a serem disputados, o Flu ainda pode chegar a 74,5%, e assim se consolidar como o melhor campeão dos pontos corridos.

Melhor ataque, melhor defesa, melhor em tudo! Esse é o Fluminense campeão brasileiro de 2012. Título mais do que justo, enriquecido por alguns personagens centrais dentro da campanha – sem desmerecer os demais, claro. E são esses personagens que o blog destaca nas linhas a seguir, aqueles que foram “os caras” do Fluzão ao longo do campeonato.

Diego Cavalieri – Todo grande time começa por um grande goleiro. Um mais antigo chavões do futebol vale e muito para este Fluminense campeão. Cavalieri foi monstruoso, pegou tudo! Ao todo, foram 127 intervenções difíceis – uma média de 3,6 por jogo, garantindo que o time tivesse a melhor defesa da competição e assegurando o resultado positivo em diversas ocasiões. Sem dúvidas, o melhor goleiro do campeonato, e para alguns (inclusive esse que vos escreve), o craque do certame.

Gum – Desde que chegou ao clube, sempre foi questionado. Sempre ouviu que “o Fluminense precisa de reforços na zaga”. E sempre esteve lá, fazendo parte da campanha que salvou o time do rebaixamento em 2009 de forma milagrosa, do título de 2010, e mais uma vez, firme na zaga central do tricolor que faturou o tetra campeonato nacional.

Jean – Se firmou ao longo da competição para terminar como um dos melhores volantes do campeonato. Se é que podemos chamar Jean de volante. Sempre que o jogo se complicava e os espaços se reduziam para os homens de frente, aparecia o camisa 25 tricolor saia para armar o jogo com qualidade de meia cerebral, distribuindo com maestria, além de desarmar e contribuir demais quando o time não detinha a posse da bola.

Wellington Nem – Cria de Xerém que emprestado ao Figueirense em 2011, fez grande campeonato pelo time catarinense. De volta ao tricolor, conquistou seu espaço no time titular em meio a tantas estrelas jogando um futebol de gente grande. Tanto que chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira e esteve na pré-lista para os Jogos Olímpicos de Londres. Apesar da baixa estatura, um jogador forte, que dificilmente cai mesmo com tantas pancadas sofridas, rápido e habilidoso, o jovem foi um dos líderes de assistências do campeão, com 10 passes para gols. Além disso, contribuía demais no trabalho sem a bola.

Fred – Letal! Não vejo palavra melhor para definir o definidor Fred. Talvez o camisa 9 tenha sido o jogador tricolor (dentre os titulares) que menos tocou na bola em todo o campeonato, mas, quem disse que Fred precisa de muitos toques? Para o artilheiro do campeonato, um tapa na criança é mais que suficiente para colocá-la no fundo da rede, como já fez em 19 oportunidades na competição – além de, assim como Nem, ter dado 10 assistências. No jogo que garantiu o título, contra o Palmeiras, um show a parte do capitão, com dois gols e participação direta no outro.

Abel Braga – Chegou no meio do ano passado e reconstruiu o time largado às traças por Muricy Ramalho, levando à equipe ao terceiro lugar. Nesse ano, começando um trabalho desde o inicio, teve participação razoável na Libertadores, onde caiu pro vice-campeão Boca Juniors com um gol espírita no finalzinho, conquistou o estadual e faturou o Brasileirão com sobras. Soube mexer na hora certa, mudar a equipe taticamente para crescer e solidificar ainda mais aquela que pode ser lembrada como a melhor campanha da era dos pontos corridos – em termos de aproveitamento.

Para ler mais sobre o tetra campeão nacional, recomendo os textos dos amigos André Rocha (aqui) e do Vinicius Grissi (aqui).

domingo, 11 de novembro de 2012

Bem vindo de volta, Goiás

O placar de 3 a 0 sobre o Barueri que garantiu a volta à Serie A foi apenas mais do mesmo para o Goiás, imbatível no Serra Dourada durante toda a campanha que culminou no retorno a elite do futebol nacional.

Dentro do estádio que ontem recebeu o impressionante público de 39 mil pessoas, o clube esmeraldino venceu 14 vezes e empatou outras quatro, com 37 gols anotados e apenas sete sofridos.

Com três pontos de vantagem para o segundo colocado Criciúma, é muito provável que a torcida goiana comemore o bi campeonato da segundona nacional na última rodada, contra o Joinville, fechando a participação em sua casa, que certamente estará mais uma vez pintada de verde.

Mas não foi apenas em casa que o Goiás sobrou. Longe de seus domínios, o time comandado por Enderson Moreira também conseguiu bons resultados, com oito vitórias e quatro empates (foi derrotado em seis oportunidades), somando 24 pontos.

Muitos desses, no segundo turno do campeonato, quando o treinador encontrou a formação ideal e conseguiu somar 38 dos 51 pontos disputados até aqui. Sendo 27 deles numa incrível arrancada de nove vitórias e apenas uma derrota, diante do Vitória em Salvador.

Adepto ao sistema da moda, o 4-2-3-1, Enderson adotou no Goiás uma particularidade. Com laterais que mais apóiam do que defendem (muito mais, inclusive), o treinador prende seus volantes Amaral e Thiago Mendes para fazerem a devida cobertura, garantindo assim sustentação defensiva à sua equipe.

Na frente, o trio de meias que alia velocidade à intensa movimentação, invertendo constantemente o posicionamento e confundindo a marcação adversária. A trinca de armadores que soma 25 gols (12 de Ricardo Goulart, 7 de Ramon e 6 de Renan Oliveira) é a grande arma do time, que conta ainda com os gols do artilheiro Walter.

Atuando como pivô, o camisa 18 compensa a nítida falta de condicionamento físico com arremates precisos, que já lhe garantiram 15 tentos na competição. Além dos gols, o atacante é importante também para prender a bola na frente, aguardando a chegada de algum companheiro vindo de trás.

A má notícia para o torcedor esmeraldino é que o empréstimo do artilheiro está chegando ao fim e o Porto já manifestou o interesse em contar novamente com o futebol de Walter. Além dele, Vitor, que pertence ao Palmeiras e Ricardo Goulart, em negociação adiantada com o São Paulo, também devem deixar a Serrinha.

Mas, agora que o grande objetivo da temporada foi alcançado, isso de pouco importa para a torcida verde e branca do cerrado. Esse torcedor, só quer saber mesmo é de fazer sua merecida festa pelo justíssimo retorno à primeira divisão nacional.

Goiás 4231O time que bateu o Barueri garantindo o acesso e foi base durante toda a campanha: 4-2-3-1 com Walter no comando de ataque, laterais liberados para avançar e intensa movimentação da trinca de armadores.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Prévia – Chelsea x Manchester United

Neste domingo, Chelsea e Manchester United, líder e vice-líder da Premier League, respectivamente, se encaram em Stamford Bridge.

Quatro pontos separam as duas equipes na tabela, portanto, o duelo não vale (ainda) a liderança. Porém, vale muito para os dois lados.

Para os azuis, a possibilidade de abrir sete pontos do rival e disparar na ponta da tabela, além de se recuperar do baque após a derrota para o Shakhtar Donetsk no meio da semana pela UEFA Champions League.

Para os Diabos Vermelhos, é a chance de diminuir a vantagem para um ponto, encostar e botar pressão no time londrino.

Seguindo informações do Guardian, faço aqui uma prévia do que podemos esperar do embate.

Chelsea - MufcPara o Chelsea, postado no 4-2-3-1 de sempre, a aposta é na velocidade e movimentação de seus meias; No United, com sistema igual, o caminho pode ser os contragolpes.

A troca de passes em velocidade e boa movimentação do trio de meias azuis – contando ainda com a boa chegada de Ramires – podem confundir a lenta marcação do United. Essa é a aposta do técnico Roberto Di Matteo e a esperança do torcedor blue.

Welbeck, atacante de oficio, postado no lado esquerdo da segunda linha de meio campo vermelha, não recompõe com a eficiência de Kagawa, que seria o titular caso não estivesse machucado, ou Cleverley, que é opção, caso Sir Alex Ferguson opte por um time mais fechado, explorando contragolpes.

Contragolpes que podem ser a chave do jogo para o United. Pelo lado direito, aproveitando a velocidade de Valencia e a ótima fase de Rafael neste inicio de temporada para explorar o corredor deixado por Ashley Cole.

A dupla Rooney e Van Persie, cada vez mais entrosados, é outro caminho que tem o vice-líder para buscar o resultado positivo, com o camisa 10 criando e aparecendo para finalizar, e o 20 na referência, se movimentando e abrindo espaço para quem vem de trás.

Claro que tudo que foi aqui escrito é apenas teoria. Vejamos o que acontece na prática nesse domingo, quando a bola irá rolar em Stamford Bridge a partir das 14h – horário de Brasília/DF (transmissão ao vivo no Fox Sports). Em um domingo eleitoreiro e, portanto, sem futebol local, é uma ótima pedida para quem gosta de bom futebol.

UCL - Italianos em baixa




De um lado, nomes como Buffon, Thuram e Del Piero. Do outro, Dida, Maldini e Shevchenko. Esses são apenas alguns dos craques que vestiam as camisas de Juventus e Milan em 28 de maio de 2003, na grande final da UEFA Champions League, em Old Trafford.

Na ocasião, o zero permaneceu no placar durante os 120 minutos de bola rolando. Nos pênaltis, Dida brilhou, defendeu as cobranças de Trezeguet, Zalayeta e Montero e garantiu o título ao Milan, o sexto da gloriosa história rossonera na competição continental – em 2006/2007 viria o sétimo.

Pouco mais de nove anos se passaram desde a citada decisão e hoje a situação das duas equipes na mesma competição é bem diferente. Terminado o primeiro turno da fase de grupos da UEFA Champions League, a análise que se faz após os três jogos iniciais não é nada animadora para os representantes italianos no certame.

Com três empates, a Juventus ocupa a terceira colocação de seu grupo, um ponto atrás do segundo colocado Chelsea e quatro do líder Shakhtar Donetsk. Imbatível em âmbito nacional, o time de Antonio Conte (que por sinal estava no banco juventino na final de 2002/2003) ainda não se encontrou no certame continental e hoje estaria eliminado da competição ainda na primeira fase.

A boa impressão deixada na estréia, quando saiu de um placar reverso de dois tentos a zero para buscar o empate contra o atual campeão Chelsea dentro de Stamford Bridge, não foi vista nos dois jogos seguintes, onde a equipe tinha totais condições de somar seis pontos.

Contra o bom time do Shakhtar dentro da Juventus Arena e diante do modesto Nordsjaelland em território dinamarquês, dois empates em um tento pra cada lado, sendo que em ambos os casos, a Vecchia Signora saiu atrás no marcador.

Agora a obrigação do time bianconero é vencer os dois jogos seguidos que tem em casa, contra Nordsjaelland e Chelsea, para depois jogar a vida na Ucrânia contra o Shakhtar. A boa noticia é que pelo elenco que tem, o time tem condições de fazer esses resultados e avançar.

Diferente do Milan, que com o plantel fraco que tem, corre sérios riscos de cair na primeira fase em um grupo aparentemente fácil. Com uma vitória, um empate e uma derrota, a equipe soma quatro pontos e ocupa a segunda colocação do grupo C, a cinco pontos do líder Málaga e apenas um na frente do Zenit.

A vantagem do time rossonero foi ter conseguido vencer seu principal concorrente pela vaga em plena casa adversária. Além disso, dos três jogos que restam, os italianos tem dois por fazer em San Siro, sendo que o último deles, para decidir a classificação, é justamente contra os russos.

No entanto, como já foi dito, o técnico Massimiliano Allegri não conta com um elenco qualificado e passa apuro até mesmo no Campeonato Italiano, onde está em décimo quinto lugar com sete pontos, empatado com o hoje rebaixado Pescara. E com o Zenit mostrando evolução, acertando o time depois das chegadas de Witsel e Hulk, a disputa pela segunda vaga está totalmente aberta – levando em conta que com nove pontos, o Málaga já tem a sua bem encaminhada.

Apesar do cenário tenebroso, ainda acredito que Juventus e Milan avançam. Porém, se desejam brigar em igualdade com as potencias do continente e quem sabe, voltarem a brilhar como a nove anos atrás, muita coisa terá de melhorar, tanto em Turim quanto em Milão.

domingo, 21 de outubro de 2012

Brasil e Argentina: Os subestimados ganham uma cara e mostram seu valor

Na última Copa América, disputada na Argentina em 2011, menos de 24 horas separaram as eliminações de Argentina e Brasil, perante Uruguai e Paraguai, respectivamente. Ali, muitos ousaram afirmar que as duas grandes potências do futebol sul-americano estavam decadentes e caminhavam rumo a um vexame no Mundial de 2014.

Pouco mais de um ano se passou e hoje a situação é bem diferente.

Mano Menezes foi mantido no cargo após a queda na competição continental, e principalmente, após o fracasso nos Jogos Olímpicos. E foi a partir dos jogos que o treinador brasileiro começou a repensar na forma de jogar de sua equipe.

Sim, concordo que os adversários não foram lá grandes coisas – embora o Japão, que venceu a França alguns dias antes, tenha seu valor. Mas a maneira como o time se portou em seus últimos amistosos foi sim animadora.

Mano mantém o seu sistema tático preferido na formação do time titular, o 4-2-3-1, no entanto, abriu mão de um pivô no comando do ataque, da referência ofensiva que geralmente as equipes adeptas a tal esquema utilizam.

E assim, sem essa figura na frente, a seleção brasileira fez dois bons jogos, diante de Iraque e Japão.

Contra a equipe comandada por Zico, Mano ainda pôde contar com Marcelo na lateral esquerda, e sem Daniel Alves, utilizou Adriano do outro lado, com a dupla de zaga considerada pelo treinador como ideal completando a linha de quatro defensores – diante da seleção nipônica, sem o lateral do Real Madrid, o treinador teve que improvisar Leandro Castan na beirada esquerda, e funcionou muito bem, defensivamente.

À frente, uma dupla de volantes leves e de boa chegada no campo de ataque, com Paulinho e Ramires. E a boa chegada rendeu frutos, já que o volante corintiano foi o responsável pelo gol que abriu caminho para a goleada diante do Japão, e Ramires teve um gol mal anulado no mesmo confronto. Porém, embora tenham mostrado eficiência nos dois amistosos, ainda tenho certo pé atrás com a dupla formada por dois homens de maior volume ofensivo que defensivo, e gostaria de ver a dupla ser testada contra um adversário mais forte, que pode ser já no próximo amistoso, contra a perigosa seleção colombiana, no próximo dia 15 de novembro.

Mas foi o quarteto ofensivo quem mais animou – bem, eu pelo menos me animei. A volta de Kaká dá ao time o toque de experiência que faltava, isso pra não falar na qualidade do camisa 8, tanto no toque de bola quanto nas boas e velhas arrancadas com as quais todos estamos acostumados.

O meia madridista foi escalado no flanco esquerdo da linha de três armadores, com Oscar articulando pela faixa central e Hulk no lado oposto, porém, a movimentação constante e as transições em velocidade, faziam com que ninguém guardasse posição, nem mesmo o “centroavante” Neymar, escalado como a referência ofensiva, mas que sai abrindo espaço para quem vem de trás, como nos dois gols de Oscar diante do Iraque, ou na chegada de Paulinho contra o Japão, que desperdiçou a oportunidade de fazer seu segundo no jogo menos de cinco minutos após abrir o marcador.

Só quem ainda está meio fora de órbita nesse quadrado – que se não chega a ser mágico, tem lá seus truques – é Hulk. O atacante do Zenit parece meio perdido com a velocidade dos passes e da movimentação dos outros três homens. Particularmente, ainda gostaria muito de ver Lucas como titular ao lado do trio.

De mais a mais, Mano Menezes parece enfim estar encontrando o seu time ideal, que ainda carece de alguns ajustes, é verdade, mas já ganha uma cara e dá sinais que será um anfitrião duro no Mundial que se aproxima.

BrasilSeleção que goleou o Japão: O mesmo 4-2-3-1 de sempre, Castan improvisado na lateral esquerda e Adriano na direita, ocupando as vagas dos incontestáveis Marcelo e Daniel Alves. Na frente, movimentação e velocidade caracterizam o quarteto, que vira quinteto ou sexteto de acordo com as subidas da ofensiva dupla de volantes.

Assim como a Argentina, que não é anfitriã, mas também dá indícios de que chegará muito forte à Copa do Mundo.

Ao contrário de Mano Menezes, o ex-treinador da Argentina, Sergio Batista, não resistiu à queda na Copa América e assim cedeu o cargo de comandante do selecionado albiceleste ao atual treinador Alejandro Sabella.

Sob o comando de Sabella, a Argentina lidera com campanha impecável as Eliminatórias Sul-Americanas para o Mundial de 2014. São 20 pontos conquistados em seis vitórias, dois empates e apenas uma derrota, diante da Venezuela, quarta colocada no qualificatório. Além disso, o técnico tem dois amistosos comandando a seleção, ambos contra o Brasil. No primeiro, vitória por 4 a 3. No segundo, o tal “Superclássico das Américas”, contando apenas com jogadores que atuem nos dois países, vitória brasileira por dois tentos a um, em Goiânia.

Mas o principal trunfo do treinador não está nos resultados, e sim, na mudança da postura da equipe, que passou a jogar em torno de Lionel Messi, e assim, fez crescer o futebol do melhor jogador do mundo com a camisa da seleção.

Com Sabella, Messi evoluiu e passou a render próximo do que rende no Barcelona e principalmente, ser decisivo. “La Pulga” é o artilheiro da seleção na “Era Sabella”, com 10 gols, sendo 7 pelas Eliminatórias e mais três marcados contra o Brasil, no amistoso vencido pelos hermanos.

Isso acontece porque Sabella encontrou, enfim, uma forma de posicionar o baixinho de maneira parecida com a que Messi atua no Barça. Um 4-3-1-2/4-3-3, onde o craque alterna as funções de enganche e centroavante, ambas com maestria, como no primeiro gol por ele anotado na vitória por 3 a 0 sobre o Uruguai, onde Messi, como um camisa 10, lançou Di Maria e em seguida, apareceu na área, como um legitimo camisa 9, para concluir o cruzamento do meia madridista. Meia e centroavante na mesma jogada. Arco e flecha.

ArgentinaO time que encarou o Uruguai: 4-3-1-2 que alterna para 4-3-3, de acordo com a movimentação de Messi.

E assim, guindada pelo crescimento do futebol de sua estrela maior, a Argentina mostra seu valor, e a exemplo do Brasil, também dá sinais de que não virá ao Mundial a passeio.

messi-neymar

Neymar e Messi, estrelas maiores de duas seleções ascendentes.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O tal “futebol moderno”: Feito de cretino para cretino

Não tem jeito, a cretinada tomou conta do futebol. E o pior, se alastrou em todas as classes do esporte bretão. Dirigentes, jogadores, árbitros, torcedores, todos tomados pela canalhice.

O último fim de semana no futebol brasileiro foi um exemplo claro do que estou dizendo. Três situações lamentáveis, dignas de pena e indignação ao mesmo tempo.

Primeiro foi o ocorrido em Recife, no sábado, quando o árbitro Leandro Vuaden, numa atitude patética não permitiu o inicio do jogo entre Náutico e Atlético Goianiense enquanto a torcida mandante não retirasse das arquibancadas uma faixa com os dizeres: “NÃO IRÃO NOS DERRUBAR NO APITO”.

Não fosse apenas ridículo, o ato do apitador que atrasou em vinte minutos o inicio da partida, também me parece ser anticonstitucional, afinal, onde foi parar o tal principio da liberdade de expressão?

01A faixa da discórdia: Por isso Vuaden atrasou em 20 minutos o começo da peleja.

“Ah, mas o árbitro está amparado pelo Estatuto do Torcedor.” poderia dizer alguém que concorde com o autoritarismo visto no Estádio dos Aflitos. Dane-se! Sempre aprendi que nenhuma Lei está acima da Constituição Federal, e ela deve ser respeitada, oras.

No domingo, o show de horrores continuou com força total. No Pacaembu, um turista escocês decidiu ir assistir a peleja entre Corinthians e Sport, vestindo uma camisa de seu clube de coração, o Celtic. Até aí tudo bem, não fosse um pequeno detalhe: a tradicional camisa do clube da Escócia, com listras horizontais em verde e branco remetiam às cores do Palmeiras, maior rival do time do Parque São Jorge.

Pronto, foi o suficiente para que meia dúzia de imbecis se sentissem no direito de “obrigarem” o cidadão a tirar a camisa. Por sorte, a polícia interveio, explicou ao gringo o que estava acontecendo e o aconselhou a vestir por cima um agasalho que ele trazia em sua mochila, evitando assim que algo pior ocorresse. Cabe ressaltar, que tal fato aconteceu nas numeradas do Paulo Machado de Carvalho, onde teoricamente ficam os torcedores mais “civilizados”.

Mas o pior do fim de semana aconteceu no Couto Pereira.

Ao término do jogo entre Coritiba e São Paulo, a pequena Milena, de apenas 13 anos, das arquibancadas gritava desesperada por um pouco de atenção de seu ídolo, o são paulino Lucas. O atleta foi até a criança e deu para ela a sua camisa. Pronto! Apareceu novamente uma meia dúzia de babacas, com agressões à jovem e ao seu pai que a acompanhava, forçando para que a camisa fosse devolvida, como se isso fosse um desrespeito ao Coritiba e ao seu torcedor, ou se fosse mudar o resultado da partida e a situação delicada do clube na tabela.

Dessa vez, o policiamento, que estava a cerca de 10 metros da confusão, não interveio e a garota teve que devolver a camisa ao jogador antes que ela e seu pai fossem espancados.

Talvez Lucas e o pai da menina tenham sido um tanto ingênuos em não perceber que a entrega da camisa ali poderia gerar essa confusão, o que não justifica de maneira alguma a brutalidade dos “valentões” com uma criança. E não justificaria também se ao invés de uma criança fosse ali um marmanjo.

1349098214188-torcida-coxaA jovem Milena, acompanhada de seu pai (de azul): aos prantos e cercada pelos pseudo valentões que agridem uma criança.

Ainda bem, que Lucas e o São Paulo Futebol Clube, num gesto elogiável, convidaram a menina a ir aos túneis do estádio, onde ela pôde receber de volta a camisa e conhecer melhor o seu ídolo.

Pacaembu e Couto Pereira, mesmos estádios que há quinze dias já haviam presenciado outras babaquices sem tamanho por parte dos árbitros Marcelo Aparecido de Souza e Ronan Marques da Rosa.

O primeiro mediava o clássico entre Palmeiras e Corinthians, com mando de campo dos alviverdes. Quando Romarinho marcou o gol que abriu caminho para a vitória alvinegra por dois tentos a zero, correu em direção à arquibancada laranja do estádio, onde geralmente ficam as organizadas corinthianas, mas que naquele dia estava a torcida palmeirense. E apenas por isso, foi punido com um cartão amarelo, sem ter feito absolutamente nada.

Enquanto no estádio curitibano, o time da casa vencia o Santos por 1 a 0 e seu torcedor fazia festa, além de vaiar e xingar o ídolo rival Neymar sempre que esse pegava na bola. Tudo certo até então, mas quando o atacante santista marcou o segundo gol dele no jogo e virou o placar em favor do time da baixada, saiu em direção à torcida Coxa Branca, colocando a mão no ouvido, como quem pedia pra que lhe vaiassem ainda mais. E apenas por isso, a exemplo do avante corinthiano, acabou punido com um cartão amarelo – que na ocasião foi o seu terceiro, o que o fez perder a partida contra a Portuguesa na rodada seguinte.

Fico imaginando o que aconteceria com Viola e sua comemoração imitando um porco hoje em dia. Ou Renato Gaúcho, que tinha como hábito colocar o dedo indicador na boca, pedindo silêncio ao torcedor rival. Edmundo, e sua clássica comemoração rebolando em deboche ao Flamengo. Estariam fadados ao fracasso, seriam vencidos pela maldição do politicamente correto.

Viola-PorcoViola imitando um porco após gol contra o Palmeiras: Nos dias de hoje, no tal futebol moderno, talvez fosse expulso por isso.

Mas não pensem que os jogadores de hoje em dia são santos também não, porque estão longe disso. São tão canalhas quanto os apitadores e suas decisões estapafúrdias ou torcedores que regem leis próprias para as arquibancadas.

Ou alguém ainda não está enojado com a praga do cai-cai que tomou conta do futebol? Muitos jogadores habilidosos e decisivos, que simplesmente abrem mão de jogar para se atirarem na área ou próximo dela a fim de cavar uma falta, uma penalidade, ou uma expulsão.

Também nesse fim de semana, mas pelo Campeonato Espanhol, o Sevilla vencia o Barcelona por dois a um, até os trinta da etapa final, quando uma cena patética protagonizada por Fabregas mudou o rumo da partida.

O jogador do Barça se desentendeu com o volante Gary Medel, e chegaram a tocar ombro com ombro. Repito, OMBRO COM OMBRO. Logo o meia blaugrana colocou a mão no rosto, alegando que tinha sido atingido ali pelo seu adversário. Resultado: o árbitro Mateu Lahoz caiu na simulação e expulsou o volante chileno, deixando o Sevilla com um a menos e facilitando para que o Barcelona conseguisse a virada nos minutos finais com gols do mesmo Fabregas e Villa.

cesc-medelO “encontrão” entre Medel e Fabregas. Ombro com ombro que rendeu o cartão vermelho ao jogador do Sevilla.

Fabregas, cria das canteras do Barcelona, assim como Sergio Busquets, que há duas temporadas nas semifinais da UEFA Champions League contra a Inter de Milão, foi o ator de atitude ridiculamente igual, o que provocou a expulsão do volante ítalo-brasileiro Thiago Motta – ainda assim, a Inter conseguiu se segurar e garantir sua vaga na decisão.

Será que além de treinar os passes milimétricos e noção de posicionamento como poucos, a escola de La Masia também dá aulas de dramaturgia? É o que parece.

Mas jogadores que tentam ganhar vantagem em tudo não estão apenas no Barcelona, pelo contrário, o tal futebol moderno está cheio deles.

É um tal de reclamar de tudo, bater de frente com árbitros, simularem lesões de forma grotesca para ganhar tempo, cobrar escanteio um ou dois centímetros fora da marca, como se esse micro pedaço de campo “ganho” fosse fazer toda diferença na cobrança.

Coisas pequenas, que não vão fazer diferença no fim das contas. Pode até fazer em um jogo, em um resultado, mas não o fará ao fim de uma competição, pois o mesmo time que hoje faz cera para ganhar um jogo, amanhã vai reclamar de um rival usando o mesmo artifício.

Não quero aqui bancar o caga regra que espera um jogo todo correto, feito por anjinhos. Não! Isso é vídeo game. Futebol não é assim. E se fosse, seria chato pra caramba (pra não usar outro termo).

Mas, convenhamos que um pouquinho menos de babaquices e autoritarismos por parte de torcedores e árbitros e um pouquinho mais de hombridade dos jogadores não fariam mal a ninguém e enriqueceriam ainda mais o espetáculo.

Porque é isso que o futebol é, um grande espetáculo. Que já viveu dias melhores. E que hoje, com cretinos fazendo um esporte para cretinos, o tal “futebol moderno”, vem matando aos poucos o bom e velho esporte bretão. Infelizmente.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

AS ESTRÉIAS DE REAL MADRID E BARCELONA NA CHAMPIONS LEAGUE

Enfim, a bola rolou para o maior interclubes do planeta, a UEFA Champions League. E o que chamou a atenção foram as estréias dos dois gigantes espanhóis, Real Madrid e Barcelona, apontados por quase todos como grandes favoritos à conquista continental, mas que passaram por grandes dificuldades em seus debutes no torneio.

Abaixo, analise das partidas e como José Mourinho e Tito Vilanova precisaram mexer para buscarem as viradas e garantirem as vitórias de seus times.

No Santiago Bernabéu...

...Existia a expectativa pelo melhor jogo da primeira fase da competição, entre duas equipes que provavelmente irão longe. E, de fato, o que vimos no estádio merengue, foi um jogão.

José Mourinho surpreendeu em sua escalação inicial, barrando Sergio Ramos para a entrada de Varane no miolo de zaga e lançando Essien na vaga de Ozil na meia cancha, deixando de lado o 4-2-3-1 de sempre para atuar em um legitimo 4-3-3. Roberto Mancini não deixou por menos, e escalou o jovem Nastasic na zaga, deixando o experiente Lescott no banco.

Madrid - City 01Formações Iniciais: Com a entrada de Essien, Madrid abre mão do 4-2-3-1 habitual e atua num 4-3-3, adiantado, que encurrala as retraídas linhas citizens.

Logo de inicio, o Real fez valer o fator casa, tomou as rédeas da partida e só não abriu o placar antes dos dez minutos de peleja graças a dois milagres de Joe Hart em conclusões de Cristiano Ronaldo. Pelo lado direito, Di Maria fazia um jogo intenso, infernizando o lateral Gael Clichy, que não encontrava o ponta argentino.

Quando Samir Nasri se lesionou no fim da etapa inicial, Mancini viu a oportunidade de ouro para reforçar sua retaguarda, trocando o francês por Kolarov, que foi atuar no lado esquerdo, dobrando a marcação em cima de Di Maria e tentando assim conter o ímpeto madridista, que terminou o primeiro tempo com 74% de posse de bola e incontáveis arremates à meta inglesa.

Na volta do intervalo, com uma postura ainda mais fechada, em uma espécie de 3-5-1-1, o City conseguiu acertar seu sistema defensivo, e apesar do controle de bola merengue, sofria poucos sustos. Bem postado, o time britânico dava toda pinta de que precisava de uma bola para ganhar o jogo. E ela apareceu aos 25’, quando Yayá Touré arrancou de seu campo de defesa em contragolpe e passou para Dzeko, que acabara de entrar, tocar na saída de Casillas e abrir o placar.

O treinador merengue, que a esta altura já havia trocado Essien por Ozil, fez outras duas mudanças e lançou o time de vez ao ataque, sacando Khedira e Higuain para as entradas de Modric e Benzema, ganhando maior criatividade no meio com o croata e mobilidade na referência com o francês. Não demorou e as mudanças fizeram efeito, quando Di Maria achou Marcelo completamente livre na entrada da área, o brasileiro cortou, bateu de direita de fora da área e contou com leve desvio em Javi Garcia para bater o goleiro Joe Hart e empatar a peleja.

Madrid - City 02Na etapa final, buscando a virada, José Mourinho se lançou de vez ao ataque com Modric e Ozil no meio. City ainda mais recuado, numa espécie de 3-5-1-1.

Quando o relógio já marcava 40 da etapa final, Kolarov cobrou falta despretensiosa da intermediaria e viu a bola fraca ir morrer direto no fundo das redes, recolocando o City na frente. Mal deu tempo de comemorar, pois não demorou e o Real Madrid empatou novamente, com Benzema, que recebeu de Di Maria na entrada da área, girou fácil pra cima do novato Nastasic e bateu no cantinho de Hart.

Apesar de o empate ainda estar de bom tamanho para os visitantes, em função da grandeza do adversário e do domínio que sofreu, o gol de empate apenas dois minutos depois de fazer dois a um foi um duro golpe. E assim, no embalo da torcida e na base do abafa, o time da casa ainda chegou ao tento da vitória, com Cristiano Ronaldo, que já havia tentado outras nove vezes e em algumas parou em Hart, dessa vez contou com falha do goleiro inglês para virar o marcador a exatos 45 do segundo tempo e assegurar os primeiros três pontos ao Madrid.

Sem dúvidas, um belo cartão de visitas do time de José Mourinho, numa demonstração de força e garra impressionantes. O treinador, por sinal, acabou como o destaque do jogo, não por sua escalação ou suas mexidas, mas pela comemoração épica no gol de seu compatriota que deu números finais a partida.

No Camp Nou...

...Se imaginava uma estréia bem mais tranqüila ao Barcelona, e quem sabe, até uma goleada com direito a novo espetáculo proporcionado pelo time catalão.

Não foi o que aconteceu. Com uma postura tática perfeita, o Spartak plantou suas linhas defensivas dentro de seu campo, congestionando a entrada de sua área e impedindo as penetrações culés. Rafael Carioca, o cabeça-de-área no 4-1-4-1 de Unai Emery, recuava, se juntando aos zagueiros e formando uma primeira linha de cinco homens, com uma de quatro logo à frente, que assistia e cercava a troca de passes do Barça, que não conseguia incomodar a meta de Dykan.

Barça-Spartak 01Barça no 4-3-3 de sempre, com Messi na referência. Spartak num 4-1-4-1, que variava pra um 5-4-1 com o recuo de Rafael Carioca.

Isso até aparecer a jogada individual do melhor jogador da partida, o jovem Cristian Tello. Enquanto Xavi, Fabregas e até mesmo Messi estavam apagados, o camisa 37 recebeu na ponta esquerda, cortou pra dentro e acertou um belíssimo chute para abrir o placar em favor dos donos da casa.

O gol não fez mudar o modo como o Spartak se postava. Continuou com suas linhas retraídas, apostando na velocidade de seus jogadores ofensivos para num contragolpe empatar. Foi o que aconteceu, quando McGeady descolou lançamento para Emenike pela direita, o nigeriano foi até a linha de fundo e cruzou rasante para a área. A bola ia passando, até Daniel Alves tentar cortar e tocar pro fundo do próprio gol.

A etapa final seguiu no mesmo ritmo da inicial. Barça controlando a posse, até tentando o segundo gol, mas esbarrando na solidez russa. Quando conseguiu furar a defesa vermelha, Daniel Alves até marcou, mas a arbitragem pegou correto impedimento.

Até que aos 14’, o que já era drama para os mais de 90 mil presentes, virou pesadelo. Após cobrança de escanteio do Barcelona, a defesa tirou a bola que foi parar nos pés de Ari, que saiu em velocidade e passou para McGeady. O irlandês acionou Rômulo entrando pela direita, o brasileiro fintou Adriano e tocou na saída de Valdes para virar o jogo.

Perdendo em casa logo em sua estréia pela Champions League, Tito Vilanova partiu para o tudo ou nada pra cima dos russos. Trocou Daniel Alves por Alexis Sanchez, reconfigurou o time num 3-4-3 ultra-ofensivo e foi pra pressão.

Barça 02Nos minutos finais, ataque total para buscar a virada. Um 3-4-3, com Messi jogando atrás do pivô, mas aparecendo para concluir como centroavante nos dois gols que definiram a partida.

Foi aí que dois jogadores apareceram para decidir em favor dos blaugranas. O primeiro foi Tello, de novo. Após cruzamento errado de Pedro que atravessou toda a área, o jovem recuperou a bola no lado esquerdo, entortou McGeady e rolou para Messi – que vinha mal no jogo até então – concluir para o gol vazio.

O sufoco barcelonista continuou até o gol da virada, que saiu da maneira menos Barcelona possível, numa seqüência de bolas alçadas na área. Primeiro foi Villa (que entrara minutos antes no lugar de Tello) quem cruzou, a bola foi parar nos pés de Pedro na direita, novo levantamento, que dessa vez veio parar com Alexis do lado oposto, de onde saiu nova elevação na área, para enfim, encontrar a cabeça de Messi, que como um legítimo camisa 9, se antecipou ao zagueiro, testou para a rede e virou o jogo.

A virada a dez minutos do fim sucumbiu o time do Spartak, que não demonstrou mais nenhuma força para reagir e tentar a nova igualdade e o placar seguiu inalterado até o apito final.

Mesmo em noite pouco inspirada, é Messi quem aparece para resolver no Barcelona. Artilheiro das últimas quatro edições de Champions League, agora o argentino já soma 53 gols na competição e é o quarto maior artilheiro de todos os tempos, atrás apenas de Raúl (71 tentos), Van Nistelrooy (60) e Shevchenko (59).

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Guia da UEFA Champions League 2012/2013 - Grupo H


Tentando não repetir a decepção da temporada passada, quando caiu ainda na fase de grupos, o Manchester United investiu pesado nas contratações de Shinji Kagawa e do artilheiro da última Premier League, Robin Van Persie, que forma ao lado de Wayne Rooney, a mais letal dupla de ataque do planeta. Com isso, é natural imaginar que os Red Devils fiquem com a primeira colocação do grupo, enquanto Braga e Galatasaray disputam a segunda. Com um time talentoso e experiente, os atuais campeões turcos têm boas chances de ficarem com a vaga, no entanto, é bom abrir o olho com os portugueses do Braga, que contam com um time sólido e cada vez mais habituado às disputas continentais. O romeno Cluj dificilmente brigará por algo.

Curiosidade: Manchester United e Galatasaray se destacaram no cenário europeu no fim dos anos 90. Os turcos, com a conquista da Europa League (na época, ainda Copa da UEFA) em 1999/00 ao bater o Arsenal nos pênaltis por 4 a 1 após empate sem gols no tempo normal. Taffarel defendeu duas cobranças e foi o herói daquela conquista. Já os Red Devils conquistaram sua segunda Champions League em 1998/99 ao vencer o Bayern Munique por dois tentos a um, virando o jogo com gols de Sheringham e Solskjaer aos 45 e 46 do segundo tempo respectivamente (Basler havia marcado para os Bávaros), em uma das mais espetaculares decisões de todos os tempos.

Palpite: Manchester United e Galatasaray







segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Guia da UEFA Champions League 2012/2013 - Grupo G



Após quatro anos gloriosos sob o comando de Pep Guardiola, o Barcelona tem no banco de reservas sua maior novidade na temporada, com a presença de Tito Vilanova treinando o time. Além do novo técnico, apenas as chegadas do lateral Jordi Alba e do volante Alex Song como novidades no plantel blaugrana, que convenhamos, já era bom o suficiente para ser cotado como favorito ao título. A disputa pela segunda vaga do grupo é que promete ser ferrenha. Isso porque Benfica e Spartak são duas equipes que se equivalem, com ligeira vantagem aos lusitanos pelo peso de sua camisa, bicampeã européia. Correndo por fora, o Celtic também tem chance, mesmo que mínima, de almejar uma vaga nas oitavas, devido ao equilíbrio da chave. Tirar pontos do poderoso Barcelona pode ser fundamental para definir o segundo do grupo.

Curiosidade: Barcelona e Benfica já decidiram uma vez o principal interclubes do planeta. Foi na temporada 1960/1961, com vitória portuguesa por três tentos a dois. Sándor Kocsis e Zoltán Czibor anotaram para os Culés, enquanto José Águas, Mário Coluna e Martí Vergés contra fizeram para os Encarnados, garantindo o primeiro dos dois títulos para o time de Lisboa.

Palpite: Barcelona e Benfica





domingo, 16 de setembro de 2012

Guia da UEFA Champions League 2012/2013 – Grupo F

Grupo F

Dois vices em três temporadas. Esse é o retrospecto recente do Bayern Munique na UEFA Champions League. Retrospecto que o time alemão espera deixar para trás e conquistar enfim, o seu penta campeonato europeu. Para isso, a manutenção de elenco e treinador, mais alguns bons reforços, como o zagueiro brasileiro Dante, o volante Javi Martinez e os goleadores Mandzukic e Pizarro. Terceira força da Espanha (o que não é nenhum demérito, já que Barça e Madrid monopolizam o país), o Valencia não deve encontrar dificuldades para ficar com a segunda vaga do grupo, uma vez que o enfraquecido Lille não deverá complicar após a saída do seu trio de ataque formado por Joe Cole, Hazard e Moussa Sow, e o BATE, com o perdão do trocadilho, não aparenta ter forças para bater em ninguém.

Curiosidade: Bayern Munique e Valencia decidiram a edição 2000/2001 da UEFA Champions League. Empate no tempo normal com gols de Mendieta para os espanhóis e de Effenberg para alemães. Nas penalidades, show de Oliver Kahn ao defender duas cobranças e assegurar o título para os Bávaros.

Palpite: Bayern Munique e Valencia

BayernValenciaLilleBATE Borisov

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Guia da Champions League 2012/2013 - Grupo E

Grupo E

Atual campeão, o Chelsea ganhou de “presente” um grupo equilibrado, com dois adversários duros de serem batidos, porém, com tudo dentro da normalidade, imagina-se que os Blues fiquem com uma das vagas. Dona do Scudetto italiano da última temporada e de volta a Champions após duas edições ausente, a Juventus larga na frente na disputa pela outra vaga, mesmo tendo problemas com a ausência do treinador Antonio Conte no banco de reservas (suspenso, em função do último escândalo do futebol italiano) e a falta de um camisa 9 “top” no comando do ataque. O sempre cascudo Shakhtar espera repetir a boa campanha da temporada 2010/2011, quando foi até as quartas de final e caiu perante o campeão daquela época, o poderoso Barcelona. O plantel é praticamente o mesmo, portanto, é possível sim sonhar com uma boa participação. Os dinamarqueses do Nordsjaelland não devem ameaçar nem mesmo a terceira colocação.

Curiosidade: Na temporada 2008/2009, Chelsea e Juventus se encararam pela última vez na Champions League, pelas oitavas de final daquela época. Vitória azul em Stamford Bridge pela vantagem mínima, gol de Didier Drogba e empate em dois tentos pra cada lado no Estádio Olímpico di Torino, gols de Iaquinta e Del Piero para a Vecchia e Drogba e Essien para os Blues.

Palpite: Chelsea e Juventus

ChelseaShakhtar DonetskJuventusNordsjaelland

Jogo dos 7 erros (e do único acerto)


Como uma seqüência de erros do Vasco da Gama culminou com a saída do bom treinador Cristóvão Borges e pode até afastar o time da Taça Libertadores em 2013.

1. Falta de estrutura para treinamento: É impensável que um time profissional de futebol, com grandes pretensões, não tenha um Centro de Treinamento digno. E é isso que o Vasco da Gama vem vivendo. Treinando no estádio de São Januário, o resultado não poderia ser outro senão a deterioração do gramado, e com isso, uma queda no nível de apresentações da equipe.

2. Falta de comando superior: A ausência de Felipe no treinamento alegando lesão e a aparição do próprio lateral/meia jogando futevôlei na praia não deixa outra impressão senão a de que falta comando dentro do clube. E não é de hoje, desde a saída de Rodrigo Caetano da Colina que a diretoria vascaína não mais se encontrou. Como se não bastasse, na tarde de ontem, o atual vice-presidente de futebol, José Hamilton Mandarino também pediu as contas e se mandou de São Januário.

3. Vendas de peças importantes sem reposição: Fagner, Allan, Rômulo e Diego Souza. Três titulares absolutos e um polivalente jogador que sempre entrava no decorrer das partidas, quando não era escalado de inicio. Os quatro, vendidos na janela de transferências, eram de suma importância para Cristóvão Borges na montagem da equipe. Fagner, vendido ao Wolfsburg, formava pelo lado direito uma dupla aterrorizante ao lado de Eder Luis. Rômulo, que partiu para o Spartak Moscow, era a sustentação da defesa vascaína, atuando como primeiro volante, ou no vértice esquerdo, dando suporte a Felipe, quando esse atuava pela lateral. Diego Souza rumou para os árabes do Al Ittihad, era o jogador mais participativo e mais incisivo do time. Corria, brigava, combatia a defesa adversária, driblava, concluía, fazia gols e também os errava como errou contra o Corinthians pela Libertadores. Porém, mais uma vez era ele quem estava ali para criar o lance. Hoje o clube não tem esse jogador, porque Carlos Alberto, que começou o ano encostado na Colina, foi o escolhido para ser o substituto do ex-camisa 10, não consegue ser decisivo como era Diego. Wendel veio para a vaga de Rômulo. Um bom jogador, interessante para compor o grupo, e só, pois está muito abaixo do volante da seleção brasileira. Para o lugar de Fagner, veio Auremir, que era volante no Náutico, teve que se transformar em lateral no Vasco e não deu certo. A nau cruzmaltina começou a perder o rumo a partir da saída dessa espinha dorsal.


4. Queda técnica de jogadores importantes: Soma-se a saída de alguns nomes à queda de outros tão importantes quanto os que se foram, e pronto, o resultado dessa equação é visto na tabela do campeonato e mais importante, no desempenho em campo. Eder Luis, que era infernal pelo lado direito, hoje não produz absolutamente nada – talvez em função da saída de seu “parceiro” Fagner. O zagueiro Dedé, desde que retornou da lesão que o afastou dos gramados no fim do primeiro semestre, ainda não conseguiu repetir as atuações seguras da temporada 2011. E até mesmo o capitão Fernando Prass, outrora impecável, vem cometendo erros bisonhos na meta vascaína e comprometendo diretamente o time.

5. Erros de Cristóvão Borges: Além das saídas de alguns nomes e da queda de outros, Cristóvão também tem errado. Nada que justifique a perseguição da torcida, longe disso, mas algumas decisões infelizes do comandante também entram na soma de fatores que resultaram na baixa produtividade vascaína. A insistência com Eder Luis, em péssima fase, com Tenório no banco pedindo passagem. O lançamento precoce de garotos como John Cley e Luan num time em turbulência. Além de improvisações absurdas como a de Fabricio pela lateral na partida contra o Bahia. O defensor já é fraco atuando na zaga, sua função de origem, não fazia sentido algum deslocá-lo para a beirada do gramado. Isso sem contar a falta de alternativas da equipe, que adotou de vez o 4-3-3 como sistema padrão e inalterável, independente da postura adversária ou das opções que o técnico tinha em mãos.

6. Falta de respaldo ao treinador: Uma imagem foi emblemática para esse que vos escreve durante a passagem de Cristóvão no comando do Vasco. Após a vitória apertada sobre o Lanús pelas oitavas de final da Libertadores, começou um show de vaias e ofensas ao treinador, que teria que atravessar todo o campo até a entrada do vestiário, do lado oposto ao banco de reservas. O grupo de jogadores, em total apoio ao comandante, parou no centro do gramado e aguardou sua chegada ali, para junto com ele, irem todos ao vestiário, num gesto de amparo ao técnico que se repetiu outras vezes. No último domingo, depois da derrota acachapante sofrida perante o Bahia, ao apito final do árbitro, os jogadores correram para o vestiário, “abandonaram” Cristóvão com a ira da torcida e toda a pressão que uma derrota vergonhosa traz. Um ato covarde de um grupo que já demonstrou não ser.

7. Saída de Cristóvão Borges: A saída do treinador é sempre uma válvula de escape utilizada por clubes brasileiros em crise. No caso vascaíno, cabe a ressalva de que Cristóvão não foi demitido, e sim, pediu o boné. Obvio, não suportou a pressão toda sozinho, sem respaldo de jogadores e diretoria. Na opinião desse blogueiro, a reorganização do Vasco passava essencialmente por Cristóvão, em parceria com Ricardo Gomes na temporada que está por vir. A atual não está perdida, mas a troca não significa que vá recuperá-la.

Marcelo Oliveira fez bom trabalho no Coritiba, e foi o único acerto vascaíno em toda essa confusão do time. Já que acatou ao pedido de demissão de Cristóvão, o ex-atacante do Galo era realmente o melhor nome no mercado de treinadores para assumir o comando. Mas precisa de tempo, não tem perfil de treinador que chega e sacode o grupo para que esse renasça de imediato, que é exatamente o que precisa o Vasco nesse momento.

Protesto da torcida vascaína durante jogo da última quarta-feira contra o Palmeiras.